Sabem aquela sensação de estar num cenário tão cinematográfico que parece tudo menos real? São muito poucas as vezes em que temos oportunidade de sentir tamanha alienação da realidade, mas vale muito a pena ter uma experiência destas, de tirar o fôlego. Foi exatamente isto – tendo em conta o pouco que é possível expressar por palavras – que senti ao visitar o Salar de Uyuni, na Bolívia.
Visitei o Salar em março, no fim da época das chuvas, para tentar apanhar um clima mais ameno e menos húmido, mas esta zona tende a ser sempre mais fria, dada a sua altitude. Aterrámos em La Paz e daí apanhámos um autocarro turístico até à cidade de Uyuni, onde começou uma aventura inesquecível, por entre lagos, montanhas e paisagens de cortar a respiração.
Estive por lá 3 noites, num Hotel feito inteiramente de sal com uma decoração típica da cultura andina – uma experiência muito especial – e também vos digo: menos do que dois dias acho pouco para ver todos os pontos e aproveitar esta zona com calma.
Durante a minha estadia explorei o Salar, que é uma imensidão de branco visível do espaço, com quase 11 mil quilómetros quadrados de sal, e visitei o vulcão Tunupa, nas suas margens, de onde de consegue uma vista fantástica sobre toda a região!
Fiz a visita de jeep, parando em alguns pontos turísticos e fazendo picnics. Ah, e vi o pôr do sol e as estrelas – sim, se gostam de uma boa observação do céu, saibam que este é um dos melhores lugares do globo para o fazerem.
Mas vamos a algumas curiosidades que aprendi nesta viagem e que vos quero passar, para também aguçar a vossa curiosidade sobre este que é considerado um dos destinos mais imperdíveis da América Latina.
Situado nos Andes, a cordilheira que atravessa 7 países da América do Sul, o Salar de Uyuni é o resultado de um lago pré-histórico – o Lake Minchin – que secou e deixou uma paisagem desértica com sal branco, formações rochosas e ilhas de terra castanha. Na temporada das chuvas, o deserto enche-se de água, criando um efeito espelho maravilhoso, que faz dele um cenário muito procurado por fotógrafos e apreciadores, a paisagem é única!
Além da paisagem imensa, há algumas paragens obrigatórias para visitar e fotografar:
- A Isla Incahuasi: é um pedaço de terra no meio do Salar, que se destaca pelos seus catos gigantes de cerca de 10 metros de altura. Durante a época das chuvas é impossível chegar a este ponto, mas se forem em época seca não deixem de o visitar e de subir a um dos pontos mais altos do Salar, que tem uma vista desafogada sobre o deserto.
- O Cementerio de Trenes: é uma zona do Salar com uma pilha de comboios e caminhos de ferro abandonados e enferrujados, junto às salinas. São os antigos comboios que se dirigiam a Antofagasta para transportar os minerais encontrados no Sul da Bolívia. Posso dizer-vos que achei um cenário quase apocalíptico – ao estilo Mad Max, mas que foi uma experiência muito única.
- O Deserto de Siloli e a Árbol de Piedra: atravessando um deserto completamente inóspito, quase com um aspeto lunar, chegámos à famosa árvore de pedra. Trata-se de uma rocha que, devido à erosão da neve e do vento, tem a forma de uma árvore solitária.
- A Plaza De Las Banderas Uyuni: fica junto ao Dakar Monument e é aqui que encontramos bandeiras de todo o mundo, incluindo a portuguesa, e onde também podemos deixar as nossas bandeiras. É um ponto turístico bastante visitado e não pude deixar de passar por lá e de captar umas fotografias de bandeira e cabelos ao vento.
- San Cristóbal: esta costuma ser uma das paragens típicas dos roteiros pelo deserto, o pitoresco povoado de San Cristóbal. É um dos lugares mais charmosos da região, com construções de pedra no meio do deserto e alguns mercados e feirinhas de rua. Esta zona é muito marcada pela mina de San Cristóbal, que é uma das maiores minas a céu aberto do mundo, especializada na extração de zinco, prata, chumbo e estanho. Aqui encontramos também a Igreja de San Cristóbal, construída no final do século XIX e localizada no centro da cidade.
- O Pueblo de Colchani: é uma das entradas no Salar e uma pequena vila, conhecida pelas suas salinas, onde pude aprender mais sobre o processo de extração e produção de sal, e pelas lojas que vendem artesanato local. Comprei um colar com uma pedra feita de sal, que uso desde então.
- O vulcão de Tunupa, onde se podem fazer caminhadas com vistas fantásticas sobre o a imensidão do Salar, avistando muitas lamas e vicunãs, e visitando grutas com múmias muito antigas.
- Mais longe, já muito próximo do Chile, as fantásticas lagunas: a Verde, a Branca e a Colorada. Situadas aos pés do vulcão Licancabur, são conhecidas pelas suas tonalidades – verde-esmeralda, branca leitosa e avermelhada – atribuídas à presença de pigmentos de algas, minerais e sedimentos na região, que criam um cenário deslumbrante com a montanha imponente ao fundo. Pertencem à Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, uma área de beleza natural única e variada, onde podemos ver bandos de flamingos em estado selvagem.
Além das paisagens fabulosas, encontramos vários museus e pontos turísticos interessantes, podemos aprender e viver experiências únicas e, ao contrário do que seria de esperar de uma zona desértica, não faltam pessoas disponíveis e acessíveis, sempre com um sorriso aberto e pronto a ajudar.
A Bolívia é um país encantador, com diversas paisagens e climas, desde as cidades que misturam heranças culturais muito diversas até aos desertos e florestas verdes, de lagos e águas termais a montanhas de neve. Em número de línguas oficiais só fica atrás da Índia e tem uma riqueza humana, histórica e cultural fora de série, com uma forte presença indígena ainda aos dias de hoje.
Este lugar mágico é a prova de que o mundo é mesmo uma imensidão de possibilidades e experiências à espera de serem vividas, e de que é um desperdício enorme pensarmos em ficar sempre no mesmo sítio. Juntem-se a nós e venham explorar novos recantos do mundo, sentir a força do choque cultural e a beleza de paisagens completamente novas.
Marquem a vossa aventura por terras bolivianas com a Agência de Viagens Know To Go e vivam momentos únicos.