Goa

Se, durante a sua viagem pela Índia, tiver ‘saudades da sua alegre casinha’ fique sabendo que há remédio: ir a Goa! Aqui vai sentir-se praticamente em Portugal e vai ficar emocionado por ver como, não só como a cultura portuguesa foi até tão longe, como sobrevive para lá de uma presença dos séculos. O poder da cultura é extraordinário!

A título de curiosidade contamos-lhe alguns dados distintivos sobre este território tão português, na Índia:

Cerca de 400.000 goeses de diversas gerações têm passaporte português, uma vez que qualquer pessoa nascida em Goa antes de 1961 pode pedir o passaporte para si e para os seus filhos e netos, também.  

Outra coisa que não se vê em mais lado nenhum na Índia, é que, em Goa, ainda hoje cerca de 30% da população é católica, e existem igrejas, algumas enormes, em todas as povoações.

Também o nível de escolaridade em Goa é muito superior à média da Índia, e o PIB per capita é o segundo maior do país. Aqui não há lixo, nem esgotos a céu aberto, nem a confusão de Velha Deli ou Velha Agra. Além disso, nos últimos anos as infraestruturas tiverem um desenvolvimento enorme.

Mas, curiosidades à parte, a verdade é que, estando em território indiano, tudo no estado de Goa lhe vai parecer familiar. E não só por causa da arquitetura, dos monumentos ou das casas, como também – e principalmente – pelos nomes das pessoas e dos estabelecimentos comerciais, pela gastronomia, pelos costumes e tradições, e, até, pela proximidade ao mar, a pesca, os barcos, as praias.

E, por falar nisso, se lhe apetece descansar e refrescar, aqui, é o lugar certo. São cerca de 60 quilómetros de costa com praias belíssimas e cenários de sonho! Areias mais ou menos brancas, com mais ou menos vento, com mais ou menos visitantes, enfim, uma espécie de paraíso feito à medida de cada um! Palolem, Agonda, Mandrem, Morjim, Ashwem, Vegator ou Arambol são apenas algumas dessas praias magníficas e, nesta última, até é possível observar golfinhos!

Goa (o estado) é, por isso, muito especial, até mesmo no ambiente, menos confuso e povoado. A forte influência portuguesa deve-se pela presença de portugueses desde 1510 até aos anos sessenta do século XX, e por ter sido capital do Estado Português na Índia.  

Criada no século XVI e quase desabitada desde há mais de um século, a cidade velha de Goa, é o principal polo monumental e religioso católico de Goa. Fica a apenas alguns quilómetros de distância de Panjim e é aí que se encontram as principais igrejas de Goa, monumentais e património Mundial da humanidade: a Basílica do Bom Jesus, onde estão as relíquias de São Francisco de Xavier; a Sé Catedral, entre outras.

Devido a um surto de peste bubónica, que originou o abandono da Velha Goa, Panjim, então aldeia, foi transformada em cidade e construída do zero no séc XIX. É aqui que existe o Bairro das Fontaínhas, onde se vai sentir em casa, por ser um bairro tipicamente português, mas com uma vibe indiana que lhe dá um toque de exotismo encantador. Este corresponde ao centro histórico colonial de Panjim, bem conservado e muito interessante, com restaurantes e bares animados à noite.

Por estes lados, não estranhe ver galos – tipo Barcelos – nos telhados ou muros das casas, loiças e azulejos azuis e brancos, comer sardinhas ou ouvir fado! E se falarem consigo em português, não se surpreenda. Da mesma forma que, para quem vai de Portugal é fascinante encontrar esta Índia-portuguesa, também para os locais, muitos deles com nomes portugueses, é fascinante encontrar quem conhece e partilha os mesmos costumes e herança cultural. Uma troca muito interessante!

Mas porque se está na Índia, aqui também se encontra tudo o que é indiano, como os bazares e mercados, os templos, a espiritualidade, as cores, as especiarias, e o frenesim, que a certa altura já lhe é familiar. E tudo isso também é extraordinário!

Surpreendente e fascinante é, ainda, a natureza, que em Goa é frondosa e exuberante. Os coqueiros nas praias, junto ao mar, são desde logo autênticos postais paradisíacos. Mas, depois, há as florestas, e as montanhas, e as cataratas, e os rios. E os arrozais, as plantações de chá e, até, um santuário de borboletas. Maravilhoso!