Santiago e Fogo

Ilha de Santiago

É aqui, na maior ilha deste país-arquipélago, que se encontra a capital. E num país como Cabo Verde, que melhor nome para a capital do que Praia?  

Mas antes de falarmos sobre todas as maravilhas que Santiago guarda, é importante recordar que Santiago e Praia, em particular, tem uma história antiga que começa na chegada dos exploradores portugueses, em 1460. Um momento marcante, já que se tornou, quase de imediato, num importante ponto de comércio de escravos.

Infelizmente, este não é o único facto triste da história desta ilha. E no Tarrafal, antiga colónia penal portuguesa, ainda hoje é possível ver as ruínas da prisão e antigo campo de Concentração do Tarrafal, e visitar o Museu da Resistência, que apresenta exposições sobre o passado colonial do país, bem como sobre a sua luta pela independência. Registos fundamentais para que nunca esqueçamos onde não devemos, enquanto Humanidade, voltar.

Feita a visita, que se impõe, passemos, pois, a um roteiro mais ligeiro.

Ainda no Tarrafal, hoje, a cidade oferece uma atmosfera descontraída, com ruas pitorescas, muitos restaurantes e uma vida noturna animada. Vale a pena dar um mergulho na praia do Tarrafal, uma praia de areia negra cercada por montanhas impressionantes que proporciona um cenário único.

Praticamente no lado oposto da ilha, a pouco mais de uma hora de carro, encontra a Cidade Velha (ex Ribeira Grande), antiga capital de Cabo Verde e a primeira cidade europeia construída nos trópicos, que ainda hoje guarda muitos vestígios da presença dos europeus, e especialmente dos portugueses. É, por isso mesmo, reconhecida como Património Mundial da UNESCO, sendo o Pelourinho, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário ou o Forte Real de São Filipe, locais que vale a pena visitar.

A poucos quilómetros encontra, finalmente, Praia, a capital do país. Esta é uma cidade vibrante, com uma mistura única de cultura, história e vida urbana. E para quem gosta de sentir o pulso aos locais, vale a pena explorar o Mercado de Sucupira – um mercado tipicamente africano, onde encontra um pouco de tudo ao mesmo tempo, em particular de cerâmica, cestaria e bordados – os principais ofícios de Santiago; o Plateau, onde se situa o centro histórico da cidade e uma área onde, ao fim do dia, as pessoas se encontram para conviver; o Palácio Presidencial e a Praia de Quebra Canela, onde em maio acontece um festival de música, entre muitas outras magníficas.

Se lhe apetece deixar a cidade e encontrar a natureza, aqui tem um pouco de tudo: o mar, claro; montanhas escarpadas, paisagens áridas, vales com intensa vegetação, e uma flora e fauna diversa, que inclui várias espécies de aves, lagartos e tartarugas.

A acompanhar tudo isto, muitas possibilidades de visitas e deslocações, que proporcionam diferentes graus de aventura e emoções. É só escolher!

Ilha do Fogo

A força de um povo.

Perante as dificuldades que um vulcão ativo apresenta para todos os seres vivos, a vida acontece. E resiste. Assim é a ilha do Fogo, e assim é o espírito do povo cabo-verdiano que, perante os vários desafios que enfrentou ao longo dos tempos nunca se vergou e se tornou independente, orgulhoso da sua personalidade forte, mas dócil.

Como seria de esperar, nesta ilha, o vulcão, que é enorme, domina a paisagem e é inevitavelmente o centro das atenções, mas São Filipe, a capital, contraria tudo isso, ao ser uma cidade animada, colorida e pitoresca, com ruas de pedra e arquitetura colonial, que apetece ver sem pressas e à vontade.

Se gosta de monumentos, os Mosteiros de São Francisco e São Lourenço são locais de interesse cultural e arquitetónico, que proporcionam uma visão da história religiosa da ilha.

Afastando-se do espiritual, mas ainda nas alturas, o ponto mais alto da ilha é o Pico do Fogo. E se tiver pernas para andar com muito vigor, pode aventurar-se e subir até ao topo onde encontrará a enorme cratera, e as paisagens deslumbrantes, que só se veem mesmo lá de cima!

Mas, se as suas pernas pedem descanso, contamos-lhe um segredo: pode ver vistas belíssimas sem ter de subir até ao ponto mais alto. Onde? A partir da cratera da última erupção, que ocorreu em 2014. É que, a partir daqui, as vistas fantásticas também estão garantidas, como, por exemplo, ver de cima a avassaladora paisagem dos rios de lava que, por serem resultantes de diferentes erupções, têm tonalidades diferentes.

Mas este local tem outra particularidade, que é a prova da força do povo de Chã das Caldeiras e do seu apego à terra. É que, mesmo depois do governo ter construído uma aldeia nova, fora da cratera, muitos dos habitantes não querem viver lá… Resultado: a cada erupção a população é obrigada a abandonar a aldeia, mas acaba sempre por voltar às suas casas e aos seus campos, ainda que, por vezes, sejam obrigados a reconstruir tudo o que foi engolido pela lava.

Por perto, as Vinhas de Chã das Caldeiras são também uma zona singular, conhecida pelas vinhas cultivadas nas encostas do vulcão. Se é apreciador, aproveite para as visitar, aprender sobre o processo de produção de vinho num ambiente vulcânico e, claro, provar os vinhos locais. Bem bons!

Se adora praia e mar, aqui a experiência é bem diferente, com praias de areia negra onde vai gostar de nadar, fazer snorkeling ou, simplesmente, relaxar. Uma maravilha!