Antananarivo e Andasibe

Antananarivo

Bem-vindo a Madagáscar! É que se acabou de chegar, a sua porta de entrada foi, certamente, Antananarivo, e é a partir daqui que seguirá para qualquer uma das belas regiões que Madagáscar tem para oferecer.

Como muitas grandes cidades, Tana, como é informalmente chamada pelos locais, é uma capital cheia de movimento, ruído, gente e confusão, mas, por tudo isso é, também, uma capital cheia de vida.

Aqui encontram-se pessoas vindas de muitos lados e o seu povo é, justamente, a mistura de muitas dessas nacionalidades – Indonésia, Índia, França, China, Africana – ao longo dos tempos. Isto resulta numa cultura muito diversa e rica, cheia de influências que contribuem para tornar este país ainda mais especial.

Não sendo a capital um destino turístico particularmente relevante, tem alguns locais dignos de visita. E um deles é mesmo a forma como a cidade está organizada.

Como mandam as boas práticas militares, para garantir a maior proteção do rei, o palácio da família real Merina, chamado Rova – foi construído numa zona alta, por volta do século XVII. À sua volta desenvolveu-se, depois, toda uma área de serviços e comércio que foi crescendo e acabou por dar origem ao que a cidade é hoje.

Entretanto, e por alturas da ocupação francesa, com o intuito de facilitar a ligação entre estas duas áreas da cidade, foram construídas escadas que as ligam. Assim, na zona alta – Haute Ville – encontra-se a área mais residencial e tranquila, com os edifícios reais e coloniais, bem como restaurantes renomados e vistas magníficas sobre a capital; na parte baixa da cidade – Basse Ville - mais movimentada e ruidosa, situa-se, por sua vez, o coração comercial da capital, com o mercado de Analakely como seu principal representante.

E por falar em ocupação francesa, a influência desta presença de apenas 65 anos sente-se ainda hoje em algo muito inesperado: nos táxis! É que muitos dos táxis que circulam nesta capital são, nada mais, nada menos, que Renault 4 e Citroen 2 Cv, carros que, em Portugal, são já consideradas joias vintage automobilísticas!

Se gosta dos prazeres da mesa, Antananarivo - e Madagáscar no geral- é um ótimo destino. A sua gastronomia variada, sempre bem temperada, com influências de muitas zonas do globo, faz as delícias dos mais exigentes.

O arroz, que na língua malgaxe, se diz vary, é a base da maioria das refeições. Este é normalmente servido com um laoka, que significa acompanhamento, que tanto pode ser vegetal, como animal, mas que nunca chega sozinho, e sempre acompanhado de um molho rico e bem temperado – gengibre, alho, tomate, cebola, caril e baunilha, entre outros - cheio de sabor e personalidade.

Se sobrar tempo para umas compras, as peças em palha, ráfia e madeira são maravilhosas! Dos chapéus aos tapetes, das colheres de pau às vassouras, é inacreditável o que o saber-fazer consegue criar e produzir.

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Andasibe

A cerca de três horas da capital, no sentido leste, o cenário muda de figura ao chegar ao Parque Nacional Andasibe-Mantadia que, com uma paisagem de floresta primária, proporciona um mergulho na natureza profunda, intocada, densa, diversa, magnífica!

Aqui é tudo muito intenso: sons, cheiros, texturas, calor, humidade, diversidade; e está-se em permanente estado de fascinação, seja pelas árvores exóticas e enormes, seja pela quantidade de animais, sendo os lémures os mais famosos.

E a propósito de lémures, valerá a pena fazer um parêntesis para algumas curiosidades sobre estes primatas que são, na verdade, nossos primos afastados. E a razão para que esta espécie tenha ficado concentrada neste território, deve-se ao momento, em tempos muito longínquos, em que esta ilha se separou do continente africano.

Com a separação, do lado continental ficaram os primatas que ao longo dos tempos se tornaram chimpanzés, orangotangos, gorilas e outros, enquanto os desta ilha dividiram-se em quase 40 espécies, desde o minúsculo mouse lemur, de apenas 6 centímetros, que parece um rato, mas é um primata; até ao Indri, já com uns longos 70 cms, aos lémures-de-cauda-anelada que são, talvez, os mais reconhecidos com as suas caudas de anéis pretos e brancos/cinza ou as lindíssimas sifakas, muito engraçadas pelos seus ‘cabelos’ brancos. Todos diferentes entre si, mas que, enquanto primatas, partilham mãos quase humanas, com polegares que lhes permitem pegar objetos, tal como nós.

Voltando a Andasibe, neste parque a diversidade é tanta que, só aqui, há mais de uma dezena de espécies de lémures, sendo os Indri os mais conhecidos devido aos seus cantos melódicos que ecoam floresta dentro, e que parecem instrumentos de sopro a ser afinados. Com sorte, conseguirá vê-los e ouvi-los a todos!

É, efetivamente, um parque onde não falta o que fazer, e onde os amantes da natureza se sentem em casa. Os trilhos de caminhada levam-no floresta fora, vendo paisagens estupendas a cada passo, onde não faltam os riachos e quedas de água.

Para quem gosta de observar pássaros, aqui há mais de 100 espécies diferentes! De répteis são mais de 50 espécies; de anfíbios, 80; sem falar nos insetos e borboletas, que são às centenas!

Um verdadeiro desassossego de vida, que prova bem como é essencial proteger e conservar este ecossistema e esta biodiversidade. Em todos os aspetos, um passeio a não perder. O deslumbramento está garantido!

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